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Justiça determina bloqueio de até R$ 1 bi de investigados na Carne Fraca

UE e EUA pedem informações sobre a fraude na produção de carnes.
Funcionários de mais de 70 empresas estão sob investigação.
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A Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 1 bilhão de 46 pessoas investigadas na Operação Carne Fraca.

Nesse sábado, Roney Nogueira, gerente de relações governamentais e institucionais da BRF Brasil Foods, se entregou à Polícia Federal em São Paulo. Segundo a defesa, ele estava em Johanesburgo, na África do Sul. Durante as investigações, a PF interceptou ligações telefônicas de Roney, que teriam tratado de pagamento de propina a Dinis Lourenço, chefe do departamento de inspeção do Ministério da Agricultura em Goiás. A prisão de Dinis também foi decretada.

As conversas começaram a ser gravadas em maio do ano passado. De acordo com os investigadores, Roney pediu a Dinis que interferisse para que a unidade da BRF na cidade de Mineiros, em Goiás, não fosse suspensa. Segundo a polícia, tinha sido descoberta na fábrica uma contaminação com a bactéria salmonella, que pode causar problemas de saúde e em alguns casos, até levar a morte. A fábrica produz carne de frango e peru.

Uma conversa gravada entre Roney e André Baldissera, diretor da BRF, também preso na operação, indica que Dinis pediu apoio em uma campanha eleitoral para não suspender a unidade. Não há informação no documento se o apoio político foi efetivado, mas segundo o juiz Marcos Josegrei, a unidade de Mineiros não foi fechada, pelo que tudo indica, pela influência de Roney Nogueira e André Baldissera.

Nesse sábado, a fábrica amanheceu fechada. Caminhoneiros que carregaram ontem ainda estão parados a espera de liberação de nota fiscal para transportar as cargas.

Na sexta-feira (17), o Jornal Hoje informou que o gerente de produção Luiz Fossati trabalhava na JBS. A informação errada teve base em um documento da operação. Na verdade, Fossati é gerente de produção da BRF em Carambeí, no Paraná. Na gravação, segundo a PF, ele fala com um funcionário sobre colocar papelão junto com a carne moída. A JBS, responsável pelas marcas Seara, Friboi, Big Frango e Swift, também é investigada.

A BRF, que controla marcas como Sadia e Perdigão, divulgou nota sobre o uso do papelão. Segundo a empresa, houve erro na interpretação da Polícia Federal sobre este trecho, porque o funcionário estava se referindo às embalagens do produto e não ao seu conteúdo.

Operação Carne Fraca
A Operação Carne Fraca investiga a suspeita de pagamento de propina a funcionários do Ministério da Agricultura para liberar frigoríficos da fiscalização. A Justiça decretou 27 prisões preventivas, 11 temporárias e 77 conduções coercitivas, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.

Na sexta-feira, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em frigoríficos e em unidades de empresas de alimentos:

- Big Frango Indústria e Com. de alimentos LTDA
- BRF - Brasil Foods S.A
- Dagranja Agroindustrial LTDA
- E.H. Constantino
- Frango A Gosto
- Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos LTDA
- Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes LTDA
- Frigorífico 3D
- Frigorífico Argus 
- Frigorífico Larissa
- Frigorífico Oregon
- Frigorífico Rainha da paz
- Frigorífico Souza Ramos
- JBS S/A
- Mastercarnes
- Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes LTDA
- Peccin Agroindustrial LTDA / Italli Alimentos
- Primor Beef / Jjz Alimentos S.A
- Seara Alimentos LTDA
- Unifrangos Agroindustrial S.A / Companhia Internacional de Logística
- Breyer e Companhia
- Fábrica de Farinha de Carne Castro LTDA

Segundo as investigações, entre as irregularidades estariam a liberação de carne vencida, contaminada, a troca de rótulos de validade, uso de substâncias químicas para maquiar carne estragada.

A JBS declarou que a qualidade é a sua maior prioridade e a razão de ter se transformado na maior empresa de proteína do mundo. Acrescentou que exporta para mais de 150 países, como Estados Unidos, Alemanha e Japão e que é auditada por missões sanitárias internacionais e por clientes. A empresa afirmou que, no Brasil, há dois mil profissionais dedicados exclusivamente a garantir a qualidade dos produtos JBS e das marcas Friboi e Seara e que 70 mil funcionários têm treinamento obrigatório nessa área todos os anos.

A JBS declarou que no despacho da Justiça não há menção a irregularidades da empresa, que nenhuma fábrica dela foi interditada e que nenhum executivo da companhia foi alvo de medidas judiciais, ao contrário do que chegou a ser divulgado. Por fim, a JBS declarou que reforça o comprometimento com a qualidade de seus produtos e que reitera seu compromisso com o aprimoramento das práticas sanitárias.

A BRF declarou que está colaborando com as autoridades no esclarecimento dos fatos. Afirmou que cumpre normas e regulamentos referentes à produção e à comercialização de seus produtos, que possui rigorosos processos e controles e que não compactua com práticas ilícitas. A empresa acrescentou que assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e que garante que não há riscos para os consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua.

A Central de Carnes Paranaense, dona das marcas Master Carnes, Novilho Nobre e Souza Ramos, declarou que acredita que a investigação seja de suma importância para a concorrência leal no mercado e que continuará colaborando com as investigações e afirmou que seus produtos seguem à risca as exigências de qualidade.

O grupo Argus também declarou que acredita na investigação e está à disposição das autoridades e que obedece às observações sanitárias e de qualidade determinadas. Afirmou ainda que sustenta de maneira irrestrita instalações plenamente administradas pelo sistema de inspeção federal e seus técnicos, sem interferir nem solicitar favorecimentos.

O frigorífico Rainha da Paz negou envolvimento em quaisquer atos ilícitos e disse que está colaborando com as investigações. A empresa afirmou que mantém rigoroso controle de qualidade e de higiene e que adquire somente matérias-primas selecionadas e com procedência. Declarou ainda que repudia veementemente a comercialização de produtos impróprios, alterados e inadequados para o consumo.

O frigorífico Larissa não vai se manifestar. O advogado de Diniz Lourenço disse que a suspeita contra ele não tem comprovação e que não se vai se sustentar depois do depoimento dele. A defesa de Roney Nogueira informou que o cliente retornou ao Brasil assim que soube do decreto de prisão para prestar os esclarecimentos necessários. A defesa de André Luis Baldissera afirmou que não irá se manifestar até ter acesso a todo o conteúdo do processo. O partido democrático trabalhista de Goiás disse que não tem envolvimento com nenhum Ministério.

fonte:http://g1.globo.com

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